14 expressões racistas que devem sair do seu vocabulário
Precisamos continuamente nos informar e aprender sobre como não cometermos erros que infrinjam a liberdade do outro e que principalmente respeitem as pessoas, nas suas mais diversas formas e existências. Ainda, infelizmente, vivemos em uma sociedade extremamente racista e desigual e entender que esse é um processo estrutural e individual precisa ser revisto e combatido é nosso dever. Enumeramos 14 expressões racistas para você excluir do seu vocabulário, confira:
1. “A coisa tá preta”
A expressão fala por si só: se a coisa está preta, é porque ela não está agradável, ou seja, uma situação desconfortável é o mesmo que uma situação negra? Isso é racismo.
2.“Mercado negro”, “magia negra”, “lista negra” e “ovelha negra”
Entre outras inúmeras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal.
3.“Inveja branca”
A ideia do branco como algo positivo é impregnada na expressão que reforça, ao mesmo tempo, a associação entre preto e comportamentos negativos.
4.“Amanhã é dia de branco”
Também nesse uso da palavra “branco” como algo bom, essa expressão é utilizada para remeter a um dia de muito trabalho e compromissos, mas traz uma visão de que só pessoas brancas trabalham duro. Isso porque, na época da escravidão, o trabalho dos escravos não era visto como um trabalho de fato e isso continua perpetuado até hoje com expressões como essa.
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5.“Cor do pecado”
Utilizada como elogio, se associa ao imaginário da mulher negra sensualizada. A ideia de pecado também é ainda mais negativa em uma sociedade pautada na religião, como a brasileira.
6.“Não sou tuas negas”
Essa expressão coloca a mulher negra como “qualquer uma” ou “de todo mundo”, ou seja, a frase indica que a pessoa não é “alguém que faz de tudo”. Além de ser uma frase racista, também é muito machista e não deve ser usada.
7.“Cabelo ruim”
Expressão normalmente usada para se referir pejorativamente ao cabelo afro, juntamente com outras como fios “rebeldes”, “cabelo duro”, “carapinha”, “mafuá”, “piaçava” e outros tantos derivados depreciam o cabelo afro. Conforme o Instituto Geledés, por vários séculos, essas frases causaram a negação do próprio corpo e a baixa autoestima entre as mulheres negras sem o cabelo liso. Pode-se usar apenas “seu cabelo é cacheado” ou “cabelo afro” e retirar o tom pejorativo da fala porque ter um cabelo afro não é sinônimo de cabelo ruim.
8.“Denegrir”
Sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.
9.“Doméstica”
Esse termo ainda hoje está nos lares brasileiros para se remeter a uma auxiliar de serviços gerais, mas traz uma carga racista histórica. Isso porque domésticas eram as mulheres negras escravizadas que trabalhavam dentro das casas das famílias brancas por serem consideradas “domesticadas”, ou seja, terem passado por “corretivos”, já que os negros eram tratados como animais rebeldes.
10.“Cor de pele”
Aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente em um país como o Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros.
11.“Meia tigela”
Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor e medíocre.
12.”Feito nas coxas”
A origem dessa expressão popular deu-se na época da escravidão brasileira, onde as telhas eram feitas de argila, moldadas nas coxas de escravos. Os escravos tinham diferentes portes físicos, causando a fabricação de telhas completamente desiguais e, consequentemente, telhados desnivelados, por isso, a expressão dá um tom de serviço mal feito. Mais uma vez o ruim associado ao negro.
13.”Criado-mudo”
O nome do móvel que, geralmente, é colocado na cabeceira da cama vem de um dos papéis desempenhados por escravos: o de segurar as coisas para seus senhores. Como o empregado não podia fazer barulho para atrapalhar os moradores da casa, ele era considerado mudo.
14.“De beleza exótica”, “Traços finos”
Quando se imagina que ser uma pessoa negra bonita é ser “tipo exportação”, ter “traços finos” e assim poder ser a dona de uma “beleza exótica”. Ser negro e poder ser considerado bonito está relacionado a não ter traços negros, mas sim aqueles próximos ao que a branquitude pauta como belo, que é o padrão de beleza europeu. Sim, isso é um tipo de racismo comum, e também hipersexualizam e exotificam a pessoa negra quando usadas.
Urge a necessidade de moldarmos o nosso vocabulário, estas expressões tão comumente usados no dia-a-dia representam a manutenção do racismo na nossa sociedade e garantem a perpetuação das violências contra o povo negro. O fato dessas falas racistas continuarem em nosso meio através dos séculos diz muito sobre o preconceito racial praticado no Brasil.
Segundo o Ibope, de cada dez brasileiros, dois assumem ser racistas, mas sete admitem já ter feito alguma declaração discriminatória pelo menos uma vez na vida.
Corrigir as desigualdades é um passo fundamental para que se construa uma sociedade mais justa.
Para finalizar, deixamos aqui uma dica de leitura:
Pequeno Manual Antirracista
O livro que de “pequeno” só tem o nome, pois é gigante em conhecimento. Ele reflete sobre os privilégios adquiridos pela opressão com base na cor da pele. A partir da definição dos conceitos de branquitude e negritude, a autora Djamila Ribeiro, ensina dez lições que devem ser aprendidas por pessoas brancas em uma tentativa de diminuir o racismo estrutural.